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"Grace / Wasteland" (Peter Doherty): Quando um "R" faz diferença

Em suas bandas Libertines e Babyshambles, o cantor que ora está lançando o seu primeiro álbum solo assinava Pete Doherty. Agora, no lançamento de "Grace / Wastelands", ele resolveu colocar o "R" no Pete e assinar Peter Doherty. Talvez isso seja a prova de que Pete(r) Doherty deseje ser visto como um artista mais maduro. E no que depender da sonoridade desse seu primeiro álbum solo, Pete nem precisava ter acrescentado o "R" ao seu nome. Em "Grace / Wastelands" é possível notar, facilmente, o crescimento do artista.

Gravado no ano passado no Olympic Studios, em Londres, "Grace / Wastelands" é um álbum bem diferente de qualquer outro do Libertines e do Babyshambles. Não que isso seja uma boa notícia. Mas, de qualquer forma, é digna de registro. Nesse novo álbum, Peter Doherty esqueceu (um pouco) o seu lado doidão de garoto junkie e gravou canções mais adultas.

Para ser bem direto, "Grace / Wastelands" é um disco basicamente acústico, com melodias muito bem elaboradas e letras confessionais e românticas. Ou seja, esqueça, o (punk-)rock que fez a fama do Libertines. Nesse disco solo, Doherty está mais preocupado em mostrar o seu lado mais intimista, o que é bom por um lado, mas ruim por outro.

Bom porque em "Grace / Wastelands", podemos presenciar um artista mais maduro, com canções mais bem trabalhadas e distante de um ranço juvenil que sempre foi a tônica de sua obra. Mas isso é ruim também porque, apesar do tal ranço juvenil, o Libertines produziu algumas das canções mais deliciosas dessa década.

Para não dizer que esse disco de estreia de Doherty não tem nada do Libertines, a faixa "A Little Death Around the Eyes" foi composta ao lado de seu antigo parceiro Carl Barat. Mas, mesmo assim, a canção, lenta e cheia de climas, em pouco tem a ver com as músicas da antiga banda. E é exatamente essa sonoridade climática e soturna que permeia "Grace / Wastelands". "Broken Love Song", que tem uma sonoridade variável, com contornos épicos, é um outro exemplo de como o álbum de estreia de Doherty é bem menos assimilável (e isso não é uma crítica) do que os seus trabalhos anteriores.

A acústica "I Am The Rain", com direito a coro (com um quê de The Kinks), é outra faixa que o ouvinte pode, pelo menos na primeira ouvida, estranhar. Na bem-humorada "Sweet By And By", Peter Doherty vai além ao misturar trombone e trompete, deixando a canção com um clima jazzy de musical norte-americano dos anos 30. A balada "Sheepskin Tearaway", por sua vez, resvala no folk, e ganha doçura com os ótimos vocais de apoio de Dot Allison. A retrô "1939 Returning" segue a mesma receita, apesar de ter ganhado cordas em seu arranjo, o que a deixou mais classuda (mas nem por isso melhor do que a anterior). Uma curiosidade é que, a princípio, Amy Winehouse dividiria os microfones com Doherty nessa canção.

Além de Dot Allison, Doherty recebeu pelo menos mais um ilustre convidado em "Grace / Wastelands". Trata-se do guitarrista Graham Coxon, integrante do Blur, e que empresta o seu talento a todas as faixas do álbum, com exceção de "Broken Love Song". E essa guitarra chega a fazer a diferença em canções como "New Love Growns On Tree", que tem uma das melhores letras do CD. No primeiro single do álbum, a ótima "Last Of The English Roses", Doherty chega até a incorporar elementos eletrônicos em sua música.

Sob um olhar em perspectiva, em "Grace / Wastelands", Peter Doherty deu um passo certeiro em sua carreira. Apesar de ter perdido um pouco a graça do Libertines ou do Babyshambles, nesse novo álbum, Doherty mostra que é um compositor de verdade, que pode ir (muito) além do rock básico. Só resta saber para qual lado ele vai oscilar em seus próximos trabalhos. Pete ou Peter?

Cotação: ***1/2
***** Otimo
**** Muito Bom
*** Bom
** Regular
* Ruim
Abaixo, segue o videoclipe de "Last Of The English Roses":

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"Preliminaires" (Iggy Pop) : Ele não quer mais ser seu cachorro


Quem está acostumado a ver Iggy Pop à frente do Stooges, berrando "Search And Destroy" ou "I Wanna Be Your Dog", vai tomar um choque quando tiver o primeiro contato com "Preliminaires". Não, o novo álbum de Iggy Pop não é ruim e está muito longe de sê-lo. Mas que ele é estranho, ah, isso é. A não ser que você possa achar comum o fato de um dos maiores doidões da história do rock gravar uma canção de Tom Jobim, além de iniciar o álbum recitando um texto em francês, sob uma sonoridade capaz de deixar qualquer punk com o cabelo mais arrepiado.

A introdução de "Preliminaires" com "Les Feuilles Mortes" não é por acaso. Antes de lançar o álbum, Iggy Pop postou um texto em seu site oficial, explicando que as letras das músicas seriam baseadas no livro "A Possibilidade de Uma Ilha", do escritor francês Michel Houellebecq. Ele disse que esse seu novo interesse começou quando foi convidado para escrever uma música para um documentário em homenagem ao escritor.

Além da tal inspiração, Pop explicou que decidiu gravar um álbum conceitual, porque estava cansado de ouvir bandas com guitarras. "É um álbum mais calmo, com textura jazzística. O motivo pelo qual o gravei é que estou um pouco cansado de ouvir músicas idiotas cheias de guitarras e barulho. E eu comecei a ouvir muita coisa do jazz de Nova Orleans, como Louis Armstrong e Jelly Roll Morton", afirmou.

De fato, uma sonoridade bem diferente permeia "Preliminaires" de cabo a rabo, embora ela não possa ser chamada, de forma simplista, de jazzística. Na verdade, "Preliminaires" lembra bastante os álbuns de Leonard Cohen - "Spanish Coast" é um belo exemplo. Ou então, a trilha sonora de algum filme de Quentin Tarantino... Ah, e ainda tem uma faixa, a fanfarronesca "King Of The Dogs", que, segundo Pop, foi composta para mostrar "o quanto é legal ser um cachorro". Bem que um dia, ele queria ser o seu cachorro, se lembra?

Já "How Insensitive", versão em inglês para "Insensatez" (de Tom Jobim e Vinícius de Moraes), chega a ser curiosa por motivos óbvios. "He's Dead / She's Alive" possui uma textura folk, e "Party Time" escorrega para a eletrônica, com ecos de... Kraftwerk!

Mas não pense que o velho rock n' roll não está presente em "Preliminaries". Tudo bem, está pouco presente, é verdade. Mas em canções como "She's a Business" e "Nice To Be Dead" ainda é possível ouvir porque Iggy Pop é um dos grandes nomes da história do rock. E porque "Preliminaires", apesar de tanta novidade, ainda pode ser considerado um bom álbum de... rock!

Cotação: ***1/2

Abaixo, a curiosa versão por Iggy Pop, de "How Insensitive":

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