HHHEEEYYY ROCK LOVERSSSS ....
Estou de volta, depois de um longo tempo de hiatussss ... desculpem ... mas as repostagens sobre o The Doors foram adiadasss ... mas iram sairrr ... por enquanto estou deixando uma resenha sobre a grande promessa para esse ano ADELE, que lançou ano passado seo disco de estreia "19" .
A urgência humana sempre pede por novidades que substituam ou que mantenham ícones atemporais sob os holofotes. E o que diabos isso quer dizer? Por mais que apelássemos para o ideário pós-indústria cultural, o homem em sociedade sempre teve a necessidade de substituir seus ídolos. Se hoje essa substituição é mais nítida podemos culpar os tablóides ingleses, mas já digo agora: não são eles que fabricam os novos deuses, somos nós que pedimos por eles.
Adele Laurie Blue Adkins atendeu nossos pedidos. Alardeada pela crítica musical como sendo a nova “Amy Winehouse”, Adele lançou recentemente um dos discos que muito em breve será aclamado como álbum do ano intitulado timidamente de “19″, uma espécie de alfinetada ou “pedido de desculpas” caso a crítica não fosse compreensiva: sim, ela só tem 19 anos e já disputa uma vaga de diva.
Com influências de musas do jazz como Etta James e Ella Fitzgerald, a jovem cantora entrou com o pé direito numa indústria que se alimenta quase que exclusivamente de promessas. Inglesa, nascida no olho do furação chamado Londres, Adele possui uma voz potente e um repertório invejável de canções capazes de arrebatar até mesmo o mais desatento ouvinte. Fruto de uma fase recém nascida a partir da queda de bandas influenciadas pelos repetitivos Libertines, Adele, ao lado de Amy Winehouse, preconiza uma nova era para a música inglesa.
Com 12 canções, “19″ tem dos mais potentes refrões até os mais tímidos arranjos. “Daydreamer” não abusa da boa voz ou do coro marcante, mas começa marcando o compasso do que pode ser considerado um excelente disco. Entretanto, é com “Best for Last”, crescendo aos poucos na melodia e no impacto sobre quem o escuta, que Adele mostra a que veio misturando um pouco do chamado Nu-Jazz, um estilo que mistura o funk, o jazz e arranjos eletrônicos de músicas com uma pegada mais dançante. É tudo isso e mais um pouco…
“Chasing Pavements”, segundo single a ser lançado agora em 2008, é menos dançante, mas igualmente arrebatador. Aproveitando do potencial dramático de Adele, a faixa fala sobre a persistência com a maturidade de alguém muito mais velha do que a própria cantora. Assim como em “Cold Shoulder” (ponto altíssimo do disco), Adele intercala expressões fortes (You shower me with words / Made of knives) e debate a inadequação sentida por todos aqueles que algum dia já foram rejeitados, alcançando o patamar de hino dos que pretendem dar a volta por cima, de preferência numa pista da dança.
Onipresente, rejeição e amor são os motes de “19″, idade conturbada justamente pela sensação de se iniciar uma vida adulta, com relacionamentos que não mais terminam sem conseqüências, cantados com delicada inflamação em faixas como “Crazy For You”, “Melt My Heart to Stone” e “First Love”.
Dando um salto de confiança com “Right As Rain”, Adele abusa da voz para tirar o sorriso de quem quer que seja enquanto manda avisar que “had enough of love”. Crise característica de qualquer geração e que nunca é gratuita quando cantada… Seguida por “Make You Feel My Love”, Adele emplaca homenageando ninguém menos do que Bob Dylan num emocionante cover que renova o repertório de regravações pelo qual a faixa passou desde seu lançamento em “Time Out of Mind” de 1997.
Fechando o disco, “My Same” abusa da interpretação e do clima de cabaré que já tentou ser modernizado uma centena de vezes. Adele pode não ter trazido nada de novo quanto a isso, mas certamente ficou na frente das últimas que tentaram. Cansada apenas no título, “Tired” tem uma batida animada, é uma das mais verborrágicas do disco, lançando-se em cima dos efeitos e bateria eletrônica muito bem posicionados até culminar com a derradeira balada entristecida de “Hometown Glory”. O longo solo de piano dá o tom de uma nova musa emergindo no centro de Londres, com os olhos voltados para o futuro incerto, ciente daquela tal urgência mencionada no começo desse texto.
“19″ não é qualquer trabalho iniciante, é um modelo para iniciantes em todo o mundo, baseado não somente numa produção sólida e cheia de referências, mas no talento de uma única pessoa que, até o agora, está para descobrir seu lugar no panteão de divindades pop. Desejamos boa sorte e mais boas músicas…
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